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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Graça Foster é indicada para presidir Petrobras--comunicado



RIO DE JANEIRO, 23 Jan (Reuters) - A atual diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, substituirá José Sergio Gabrielli na presidência da empresa e uma de suas prioridades, após ser confirmada pelo Conselho de Administração, será o aumento da produção de petróleo, praticamente estagnada nos últimos anos.
Formada em Engenharia Química, a primeira mulher a assumir a presidência da Petrobras já foi cotada para o cargo de ministra-chefe da Casa Civil.
Funcionária de carreira da Petrobras e amiga da presidente Dilma Rousseff, Graça Foster, como é mais conhecida, receberá a missão de dar um choque de gestão na estatal, segundo fontes do governo com conhecimento da empresa.
Executivos da própria Petrobras e de outras empresas do setor petrolífero, que pediram para não ser identificados, avaliam que o governo andava insatisfeito com os resultados da gestão de Gabrielli, que deverá seguir carreira política.
Nos últimos dois anos, a empresa descumpriu suas metas de produção de petróleo no Brasil, de 2,1 milhões de barris diários. Em 2011 o volume médio ficou em 2,022 milhões de barris/dia, 3,7 por cento inferior à meta; e em 2010 foi de 2,003 milhões de barris, volume 4,6 por cento abaixo do desejado.
Durante boa parte da gestão de Gabrielli, que assumiu em julho de 2005, os preços do petróleo estiveram em patamares elevados, o que beneficiou a estatal. Além disso, a descoberta do pré-sal ocorreu na mesma época da chegada do executivo ao comando da estatal.
Gabrielli também esteve à frente do processo de capitalização da Petrobras, em 2010, a maior oferta de ações já realizada no mundo, levantando cerca de 120 bilhões de reais para exploração do pré-sal. Os preços das ações ordinárias da companhia no fechamento da última sexta-feira estavam 10 por cento abaixo do valor pago na época da operação.
O Conselho de Administração da Petrobras, presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega -que indicou a diretora para ser a nova presidente da companhia-, apreciará o nome da executiva em reunião no próximo dia 9 de fevereiro.
A executiva estará à frente de um dos maiores planos de investimentos plurianuais de companhias do mundo, que gira em torno de 224 bilhões de dólares, que poderia sofrer somente pequenos ajustes, nas palavras do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, após a mudança de comando.
As ações da Petrobras reagiam bem à indicação de Graça Foster e chegaram a subir mais de 5 por cento, tanto as preferenciais quanto as ordinárias.
Às 16h52, as ações preferenciais da Petrobras operavam em alta de 4,1 por cento, enquanto o Ibovespa operava em alta de 0,4 por cento e o petróleo nos EUA subia 1,4 por cento.
OUTRAS POSSÍVEIS SAÍDAS
Segundo uma fonte próxima à Petrobras, os problemas de não cumprimento das metas de produção também estariam motivando a saída de Guilherme Estrella, que é do PT, da diretoria de Exploração e Produção. Estrella é considerado um dos maiores especialistas em pré-sal.
Três fontes diferentes disseram à Reuters que Estrella daria lugar ao atual diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa.
Segundo notícias publicadas na mídia, o diretor financeiro, Almir Barbassa, deixaria a empresa devido à sua proximidade com Gabrielli.
Lobão disse nesta tarde que eventuais mudanças na diretoria da Petrobras serão conduzidas por Graça Foster.
Além de diretores, a futura presidente também poderá implementar mexidas em cargos de escalão inferiores, segundo fontes do governo.
Para o lugar de Graça Foster na diretoria de Gás, o nome mais cotado, de acordo com um executivo da empresa que pediu para não ser identificado, é o do atual presidente da BR Distribuidora, José Lima Neto.
Já Gabrielli tem aspirações políticas que incluem a possibilidade de concorrer ao governo da Bahia em 2014.
Segundo uma fonte do governo baiano, o governador Jaques Wagner (PT) já convidou Gabrielli para ocupar uma secretaria do Estado, mas não estava claro se ele não teria que cumprir uma quarentena.
PARENTESCO E PERFIL TÉCNICO
Quando Graça Foster começou a ser citada entre os nomes favoritos da então candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff, para compor sua equipe, ainda em 2010, foi noticiado que o marido da executiva, Colin Foster, prestava serviços para a Petrobras.
A estatal esclareceu na ocasião que eram contratos pequenos e que não havia conflitos de interesse, pois a empresa C.Foster já atuava no setor há muitos anos. A empresa fornece bens e serviços para o setor de petróleo há 25 anos.
Procurada sobre o tema nesta segunda-feira, a Petrobras não forneceu imediatamente à Reuters informações atualizadas sobre o tema.
Por outro lado, a chegada de Graça Foster à presidência da estatal garante um perfil técnico para o comando, segundo especialistas.
"Esse movimento provavelmente deixará as coisas mais técnicas e menos políticas na administração da Petrobras", afirmou Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, no Rio, um crítico de longa data da companhia.
"Ela conhece petróleo, ela conhece a Petrobras, e será a primeira presidente, pelo menos que eu lembre, a vir de dentro da própria companhia", disse.
Os desafios técnicos na exploração em águas profundas, associados a um apertado mercado de plataformas, de engenheiros e de equipamentos, dificultaram a vida da Petrobras no cumprimento das metas de produção nos últimos anos.
(Reportagem adicional de Jeferson Ribeiro, Tiago Pariz e Leonardo Goy, em Brasília; e Sabrina Lorenzi e Jeb Blount, no Rio de Janeiro)

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