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terça-feira, 8 de abril de 2014

50 anos do Golpe: Advogado revela que jacuipense Milton Bacelar foi torturado na prisão da Mouraria pelo regime militar

imageMilton Bacelar em foto da época de são prisão, em 1964
O advogado Simão Carneiro revelou ao programa Repórter Jacuipe, veiculado na Rádio Jacuipe AM no último dia 31 de março, que o jacuipense Milton Pacheco Bacelar foi torturado pela Ditadura Militar quando o mesmo esteve preso em Salvador.
Segundo as informações, Milton Bacelar, que era casado com uma mulher conhecia por Rachel, tia do advogado, foi preso pelo regime militar, em 1964, e depois transferido para a capital baiana, onde ficou detido no quartel da Mouraria. Depois, Bacelar teria fugido da prisão e retornado a Riachão do Jacuipe.
Além de parente da esposa de Milton Bacelar, Dr. Simão morava vizinho ao casal. Ao Repórter Jacuipe, negou que ele (Bacelar) tivesse ideais comunistas com convicção. “Eles eram de uma família muito nervosa... Agora, eram pessoas que tinham uma capacidade muito grande. Eles falavam bem, mas eram todos dóceis. Milton Bacelar era o mais preparado. Ele era contestador, não era um comunista, ele não sabia dos ideais comunistas, tinha noticias, mas não tinha conhecimento profundo sobre o que era um governo comunista”, pontuou.
Dr. Simão também revelou quais os planos de Bacelar: “Então, ele tentou criar um sindicato aqui. Foi ai que ele foi considerado o articulador contra o movimento em Riachão do Jacuipe, por esse motivo foi logo procurado. Quando o movimento estourou, ele fugiu de Riachão e se entocou na roça, na caatinga, próximo à Santana. E foi lá que ele foi preso. Ele foi enclausurado na 6a Companhia do Exército, na Mouraria, em Salvador”.
Ainda em seu depoimento, Dr. Simão lembrou a chegada de Milton Bacelar a Riachão do Jacuipe, após o mesmo fugir da prisão. “Para escapar, ele se atirou e se arrebentou todo. Ele chegou aqui na véspera do São João de 1964, todo enfaixado. Do pescoço até o pé era gesso”, lembrou.
Segundo Dr. Simão revelou ao Repórter Jacuipe, na prisão, Milton Bacelar teria sofrido tortura e, por conta disso, forçado a fuga. “Ele sofreu tortura e deve ter se jogado do prédio onde estava preso. Com isso, sofreu ferimentos graves e chegou a Riachão todo enfaixado. Ele não me disse, mas a minha tinha confessou que ele recebeu choque elétrico e pau de arara. Para quem não sabe, esse era um dos piores castigos impostos pelo regime, que colocava o cidadão dependurado numa armação e depois o submetia aos piores castigos e torturas”.
Morte e vida
O advogado disse ainda que a vida de Milton Bacelar após a prisão passou a ser agitada. “Ele vivia no mundo como um nômade, na mesma hora que estava aqui, viajava para morar em outras cidades, não tinha parada certa. Acho que ele ficou com medo de ser preso. Minha tia confessou certa vez que ele revelou que preferia morrer a ser preso novamente”, lembrou Dr. Simão.
Essas revelações do advogado batem com outros depoimentos colhidos por Mário Amaral para oRepórter Jacuipe. O ex-vereador Antônio Oliveira Mascarenhas, conhecido por Toinho de Abdias, também informou que Milton Bacelar foi torturado e apontou como e o local da prisão do jacuipense.
“Ele foi preso aí pra lado do Malhador, na fazenda dos parentes da sua mulher, onde foi se esconder quando o Exército chegou. Eu acho que ele sofreu alguma armação pesada, porque, quando chegou aqui de volta da prisão, estava todo enfaixado”, lembrou Toinho.
Segundo revelações de Dr. Simão, Milton Bacelar e sua esposa Rachel morreram em Itaberaba, onde estavam residindo. Bacelar deixou 23 filhos.

Por Evandro Matos / Foto: álbum da familia, cedida pelo professor Francelmo

Fonte: http://www.interiordabahia.com.br/

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