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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Júri toma decisão e condena Lindemberg

Após quatro dias de julgamento, Lindemberg Alves Fernandes, acusado de matar a ex-namorada Eloá Pimentel, em outubro de 2008, após mantê-la refém por mais de 100 horas na casa da vítima, em Santo André, foi condenado pelos 12 crimes pelos quais foi julgado. A decisão foi tomada na tarde desta quinta-feira por um júri formado por seis homens e uma mulher.

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Lindemberg foi condenado pelos crimes de homicídio (contra Eloá), duas tentativas de homicídio (contra Nayara Rodrigues e o sargento Atos Valeriano), cinco ocorrências de cárcere privado (contra Eloá, Vitor Lopes, Iago Oliveira e duas vezes contra Nayara) e quatro disparos de arma de fogo.

A pena ainda não foi divulgada pela juíza Milena Dias, que analisou os 49 quesitos votados. Pela lei brasileira, ele não pode ficar preso por mais de 30 anos. Caso a soma das penas exceda este limite, elas devem ser unificadas.

Debate - Em seu pronunciamento a advogada de defesa, Ana Lúcia Assad, não pediu a absolvição de seu cliente durante sua exposição, no Fórum de Santo André. Ela terminou de falar por volta das 13h20.

"Não vou pedir a absolvição dele. Ele errou, tomou as decisões erradas e deve pagar por isso, mas na medida do que ele efetivamente fez", afirmou Ana Lúcia, que durante a defesa de sua tese esteve visivelmente nervosa.

A advogada disse que o réu agiu com culpa consciente, mas não previu o resultado de sua ação. Por isso, ela pede que ele seja condenado pelos crimes culposos, quando não há intenção de matar. "Peço que os senhores condenem o Lindemberg pelo homicídio culposo, pois ele não desejou o resultado. Ele sofre pela morte dela (Eloá)."

Logo no começo de sua fala, Ana Lúcia fez um pedido aos sete jurados: "Enxerguem esse rapaz como um parente dos senhores, pois ele não é bandido".

Ao mesmo tempo que defendia Lindemberg, Ana Lúcia fazia questão de explicar que ela estava no plenário apenas para garantir os direitos constitucionais do réu, que "é a bola da vez, o bode expiatório". Ela explicou que "isso só acontece porque ele é pobre, não tem como pagar e ficar aguardando o julgamento em liberdade, como Pimenta Neves".

A advogada disse ainda que o público estava querendo julgá-la, que até sua mãe tinha ligado chorando ao ver as cenas de hostilização pela TV. Sua fala deixou confusa a plateia, que não sabia se a advogada estava querendo defender Lindemberg ou ela mesma.

Ana Lúcia seguiu hoje a mesma linha de defesa já apresentada nos outros dias de julgamento. Ela quis responsabilizar a mídia e os policiais pelo assassinato de Eloá. "No meu ponto de vista, há dois co-responsáveis por este processo. Alguns membros da imprensa e alguns policiais", disse. "Não podemos dar essa conta toda para o Lindemberg pagar. Isso não é justiça."

Sobre o tiro contra Nayara Rodrigues, amiga da vítima, Ana Lúcia afirmou que tudo não passou de um acidente. "Ele não tentou matar a Nayara. Ele se assustou e atirou. Condenem-o pela lesão corporal culposa", pediu.

Acusação - Das 9h50 às 11h30 quem falou foi a promotora Daniela Hashimoto. Em sua tese, ela apresentou uma linha do tempo do início ao fim do cárcere com diversas provas que reforçavam o que estava escrito nos autos, que foram entregues a cada um dos sete jurados. Ela afirmou que Lindemberg premeditou o assassinato de Eloá e que ele já sabia o que ia acontecer dentro do apartamento. "Coloquem-se no papel das vítimas", pediu ao júri.

Segundo a promotora, "Eloá era apenas um objeto nas mãos de Lindemberg. Ele tinha ódio dela". Daniela reforçou que o tiro que atingiu Nayara foi disparado pelo acusado. "A perícia comprovou que Nayara foi atingida por um projétil de calibre 32. Só o Lindemberg tinha essa arma no dia dos fatos."

Ainda falando sobre o revólver, a promotora fez uma demonstração sobre como Lindemberg conseguiria amarrar as mãos de Eloá e Nayara ou mesmo empurrar uma mesa estando com a arma em punho. Este foi um dos pontos que a defesa insistiu em rebater nos outros dias de julgamento.

Avaliação - Para o advogado e jurista Luiz Flávio Gomes, Lindemberg será incriminado pelos 12 crimes aos quais está respondendo. Se isso ocorrer, o acusado pode pegar de 15 a 60 anos de prisão, sendo que 40% da pena será cumprida em regime fechado. Ele ainda descreveu a performance da promotora como "precisa e clara" e afirmou que os argumentos de Ana Lúcia não convenceram.

Os trabalhos no Fórum de Santo André começaram por volta das 9h50 de hoje. O advogado José Beraldo comentou sobre a exposição da promotoria. "Ele (Lindemberg) agiu com dolo, queria matar, e atirou quando percebeu que ia ser rendido pelos policiais", afirmou. Ainda segundo Beraldo, o acusado tem um perfil de psicopata e o crime teve requintes de crueldade. "A Eloá viu a morte."

O acusado chegou ao Fórum por volta das 8h25. Ele foi trazido do Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, onde passou a terceira noite. (Com informações de Elaine Granconato)

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